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Um turista de 80 anos, morador de São José dos Campos (SP), viveu momentos de terror ao entrar por engano no Complexo de Israel, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Ele foi atingido por um tiro de raspão na perna, teve sua roupa rasgada e sofreu agressões antes de ser libertado pelos criminosos.
O idoso relatou que seguia um aplicativo de navegação, que indicou um desvio pela região de Cordovil devido a uma obstrução na Rodovia Presidente Dutra. Ao perceber a presença de homens armados nas esquinas, ele acelerou o carro para tentar fugir, mas foi perseguido e alvejado por tiros de fuzil.
Fuga sob tiros e agressão
Segundo a vítima, os criminosos ordenaram que ele parasse o veículo, mas ele continuou dirigindo. A perseguição foi intensa, e os tiros atingiram diversas partes do carro. Em determinado momento, o veículo caiu em uma vala, impossibilitando a fuga.
Os traficantes arrancaram o idoso do carro, rasgaram sua roupa e o agrediram com tapas. Durante a abordagem, os criminosos gritavam que iriam matá-lo. No entanto, ao perceberem que ele não tinha ligação com facções rivais nem com a milícia, decidiram deixá-lo ir.
Após o ataque, o idoso conseguiu sair da comunidade e buscar atendimento médico. Ele foi atendido em uma unidade particular e liberado em seguida. Seu carro, completamente perfurado pelos disparos, foi rebocado.
Investigação e violência crescente na região
O caso foi registrado como tentativa de homicídio e está sendo investigado pela 77ª DP (Icaraí), que encaminhará as apurações para a 38ª DP (Brás de Pina). A polícia busca identificar os responsáveis pelo ataque.
O Complexo de Israel, formado pelas favelas Parada de Lucas, Cinco Bocas, Vigário Geral, Cidade Alta e Pica-pau, tem sido alvo de operações constantes devido à sua expansão territorial e à imposição de regras religiosas por parte dos criminosos. Relatórios da Polícia Civil apontam que o grupo liderado pelo traficante Álvaro Malaquias, conhecido como Peixão, tem imposto o culto evangélico obrigatório na região e expulsado moradores de outras crenças.
O avanço da facção teria se intensificado após a instauração da ADPF 635, ação que restringe operações policiais em comunidades do Rio. Atualmente, 36 ruas que antes não registravam atividades criminosas já estão sob controle do tráfico.
Fonte: folha.uol.com.br/g1.globo.com