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O Rio de Janeiro registrou, em fevereiro de 2025, o mês mais seco desde o início dos monitoramentos meteorológicos. Segundo dados do Alerta Rio e da AtmosMarine, a média de precipitação não passou de 0,6 mm, um valor 205 vezes menor que o esperado para o período. Em diversos bairros, como Copacabana, Barra da Tijuca, Tijuca, Vidigal e Rocinha, não caiu uma única gota de chuva.
Cenário atípico desafia especialistas
Fevereiro, que historicamente faz parte da estação chuvosa, surpreendeu meteorologistas com a ausência quase completa de precipitações. O fenômeno é inédito desde o início da série histórica do Alerta Rio, em 1997.
“É a primeira vez que registramos um mês com menos de 1 mm de chuva na cidade”, destaca Raquel Franco, meteorologista-chefe do Alerta Rio.
Enquanto regiões metropolitanas vizinhas, como São Gonçalo e municípios da Baixada Fluminense, tiveram chuvas isoladas, o Rio permaneceu seco. Especialistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) estudam a possibilidade de um fenômeno atmosférico específico, apelidado de “domo carioca”, que pode estar desintegrando nuvens de chuva antes que despejem precipitação na cidade.
Impactos ambientais e urbanos
A ausência de chuvas no Rio de Janeiro não apenas intensifica o calor como também agrava problemas ambientais e urbanos. Gramados de parques e reservas ambientais secaram, e o solo da Floresta da Tijuca se tornou mais suscetível a incêndios. Moradores de comunidades como Vidigal e Rocinha relatam dificuldades no abastecimento de água, aumentando ainda mais a preocupação das autoridades.
Apesar do cenário extremo, o fornecimento de água na cidade ainda não foi comprometido, pois o abastecimento vem do Sistema Guandu, localizado fora do município. No entanto, especialistas alertam que a continuidade da estiagem pode impactar a oferta de água nos próximos meses.
Previsão para março e perspectivas futuras
Meteorologistas não têm previsões otimistas para março. Segundo Raquel Franco, a primeira quinzena do mês deve continuar com chuvas abaixo da média. Apenas a chegada de uma frente fria mais intensa pode reverter o cenário, mas o bloqueio atmosférico sobre o Brasil tem se mostrado extremamente persistente.
Pesquisadores acreditam que fatores como a urbanização acelerada, a formação de ilhas de calor e mudanças climáticas globais possam estar contribuindo para a intensificação de períodos secos na cidade. “Eventos extremos como este tendem a se tornar mais frequentes. Precisamos monitorar de perto para entender os padrões e mitigar impactos futuros”, alerta um meteorologista da AtmosMarine.
Enquanto isso, os cariocas enfrentam um calor intenso e uma paisagem cada vez mais ressecada, aguardando pelas esperadas “águas de março” para amenizar a situação.
Fonte: oglobo.globo.com/diariodorio.com