A Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou, nesta segunda-feira (8), a Operação Zero Grau, destinada a desarticular uma rede de influenciadores digitais que promovia e incitava manobras perigosas em vias movimentadas da cidade. A DRCI (Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática) cumpriu mandados de busca e apreensão na zona norte, zona oeste e Baixada Fluminense. Pelo menos três pessoas foram presas em flagrante, e uma quarta foi detida ao longo da ação.
Segundo as investigações, os suspeitos divulgavam vídeos de “grau”, “pegas” e outras manobras ilegais para ganhar notoriedade nas redes sociais, monetizar conteúdos e atrair seguidores. As publicações eram feitas de forma coordenada, utilizando hashtags semelhantes e participações conjuntas em eventos clandestinos de motociclistas.
Como funcionava a rede dos influenciadores do “grau”
De acordo com a Polícia Civil, os investigados integravam uma organização digital estruturada, com divisão de funções e articulação entre perfis que incentivavam práticas ilícitas de trânsito. A investigação identificou:
- Vídeos sincronizados;
- Aparições coletivas em motos adulteradas;
- Divulgação de “eventos de grau” clandestinos;
- Uso de veículos de alto valor com sinais identificadores adulterados;
- Conteúdos de grande alcance estimulando seguidores a repetir as manobras.
A Polícia aponta que os influenciadores obtiveram lucro e visibilidade por meio das publicações, estimulando comportamento de risco em vias expressas.
Um dos casos que motivou a intensificação das investigações ocorreu em janeiro, quando um homem percorreu a Ponte Rio–Niterói em uma “motojet”, uma moto aquática adaptada com rodas. Ele mesmo publicou as imagens do trajeto – que viralizaram.
Crimes investigados
Os detidos e demais envolvidos podem responder por:
- Atentado contra a segurança de meio de transporte
- Adulteração de sinal identificador de veículo
- Incitação ao crime
- Associação criminosa
- Receptação (em alguns casos investigados)
A polícia afirma que a operação tem como objetivo interromper a continuidade das práticas, impedir a glamurização das manobras e coibir o uso das redes sociais como ferramenta para promover infrações graves.
Material apreendido e próximos passos
Foram apreendidos celulares, computadores, câmeras e dispositivos usados na gravação e edição dos vídeos, além de motocicletas suspeitas de adulteração. A análise do conteúdo armazenado nos aparelhos deve auxiliar na identificação de outros integrantes da rede e na localização de veículos usados nos crimes.
A Polícia Civil destacou que novas fases da operação podem ocorrer nos próximos dias, já que há indícios de que grupos similares atuam em outras regiões do estado.