Uso de inteligência artificial para fazer terapia pode colocar o paciente em risco, alertam psicólogos | Foto: Freepik
Brasileiros e a busca por apoio na IA
A inteligência artificial vem se tornando uma ferramenta de apoio emocional para muitos brasileiros. Um estudo da Talk Inc revelou que 10% da população já utiliza chats de IA para desabafar ou buscar conselhos, substituindo interações humanas. A tendência reflete um problema maior: o avanço da solidão crônica e a dificuldade de acesso à terapia tradicional.
A solidão como motor da tendência
Entre os entrevistados, a maioria apontou razões como introspecção, falta de amigos disponíveis e isolamento social. Além disso, 60% relataram interagir com as IAs de forma educada, como se estivessem conversando com uma pessoa real. O fenômeno do “afeto artificial” já é observado por especialistas, que alertam para os riscos do apego emocional excessivo à tecnologia.
Segundo Carla Mayumi, sócia da Talk Inc, o cenário brasileiro favorece esse comportamento. “Muitas pessoas moram sozinhas ou têm pouco tempo para conviver com amigos e familiares. O chat de IA se torna uma alternativa acessível, sempre disponível e sem julgamentos”, explica.
IA e terapia: solução ou risco?
A facilidade de acesso a assistentes virtuais também levanta preocupações. Embora as IAs possam oferecer suporte inicial, elas não substituem o trabalho de um profissional qualificado. Tina Brand, cofundadora da Talk Inc, alerta para a necessidade de acompanhar essa tendência. “Já vemos casos de ‘relacionamentos’ com IA. O afeto artificial está crescendo e precisa ser monitorado”, afirma.
A OpenAI, criadora do ChatGPT, reconhece essa questão. Seu relatório recente destacou o risco de dependência emocional da IA, especialmente após a introdução da nova versão de voz, que responde com expressões naturais e hesitações humanas. Esse avanço pode fortalecer ainda mais a ligação entre usuários e inteligência artificial.
A solidão como questão global
A Organização Mundial da Saúde (OMS) classificou a solidão como uma prioridade de saúde global. Estudos mostram que o isolamento social aumenta o risco de problemas cardiovasculares, AVC e declínio cognitivo. Além disso, pesquisas recentes indicam que até 25% da população adulta mundial sente-se frequentemente solitária.
A comparação com o filme Ela (2013), onde um homem desenvolve um relacionamento amoroso com um sistema operacional, nunca pareceu tão próxima da realidade. Com a evolução da IA, a fronteira entre interação digital e emocional se torna cada vez mais tênue.
Fontes:
super.abril.com.br
tribunaonline.com.br
estadao.com.br
cnnbrasil.com.br
super.abril.com.br