A Prada está em estágios avançados de negociação para adquirir a Versace da Capri Holdings por cerca de €1,5 bilhão. A transação, que pode ser concluída ainda este mês, representa um dos maiores movimentos estratégicos do setor de luxo nos últimos anos.
Negociação avança e mercado reage
Fontes próximas ao negócio afirmam que a auditoria inicial não identificou riscos significativos. No entanto, o cronograma e a avaliação financeira ainda podem sofrer alterações. Com a notícia, as ações da Capri Holdings subiram 4% na Bolsa de Nova York, enquanto os papéis da Prada registraram alta de 3,7% em Hong Kong.
A Capri adquiriu a Versace em 2018 por aproximadamente €1,8 bilhão, mas enfrenta dificuldades financeiras. Recentemente, a empresa contratou o Barclays para revisar seu portfólio e a S&P rebaixou seu rating para “junk”. Em 2023, a Tapestry fez uma oferta de US$ 8,5 bilhões para comprar a Capri, mas a Justiça bloqueou a aquisição no ano seguinte.
Impacto no mercado de luxo
A aquisição pode transformar a Prada em um player ainda mais relevante no mercado global de luxo. O UBS não enxerga riscos de canibalização, já que Prada e Versace possuem estéticas opostas. Enquanto a Prada foca em um design minimalista e intelectual, a Versace aposta no glamour extravagante e maximalista.
O movimento também pode fortalecer a posição da Prada contra gigantes como LVMH e Kering. Apesar do crescimento, a Prada ainda vale apenas €21,5 bilhões, enquanto a LVMH, dona da Louis Vuitton e Christian Dior, tem um valor de mercado de €347,5 bilhões.
Desafios e oportunidades
A Prada precisará equilibrar a integração da Versace sem comprometer a identidade de ambas as marcas. Especialistas do setor discutem se a Versace sob a gestão da Prada manterá seu DNA ousado ou passará por ajustes estratégicos.
Apesar das incertezas, a aquisição pode trazer vantagens competitivas. A Prada tem crescido no setor de luxo, impulsionada pelo sucesso da Miu Miu entre o público jovem. A Versace, por outro lado, enfrenta desafios. No terceiro trimestre fiscal, a marca registrou faturamento de US$ 193 milhões, uma queda de 15% em relação ao ano anterior, enquanto o prejuízo operacional aumentou de US$ 14 milhões para US$ 21 milhões.
Se a compra for concretizada, o mercado de luxo italiano ganhará um conglomerado mais forte e capaz de competir com os grupos franceses dominantes. A transação também poderia marcar um ressurgimento das casas de moda de luxo sob propriedade italiana, revertendo uma tendência de aquisição por empresas estrangeiras.
Fontes:
braziljournal.com
veja.abril.com.br