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Empresa alega impacto de preços altos, inadimplência de produtores e desvalorização cambial no endividamento. Dívidas somam R$ 2,1 bilhões.

O Grupo Montesanto Tavares, um dos maiores exportadores de café do Brasil, entrou com pedido de recuperação judicial. A crise financeira da empresa foi impulsionada pelo descumprimento de contratos por cafeicultores, alta volatilidade nos preços do grão e desvalorização cambial. As tradings Atlântica Coffee e Cafebras, pertencentes ao grupo, enfrentam um passivo de R$ 2,13 bilhões.

A companhia, que responde por 8% das exportações brasileiras de café arábica, tentou renegociar as dívidas, mas não obteve sucesso. Diante da pressão de credores e do aumento das chamadas de margem nas bolsas de derivativos, a empresa decidiu recorrer à proteção judicial em fevereiro de 2025.

Crise começou em 2021 e se agravou com a disparada dos preços

O problema teve início em 2021, quando a quebra da safra fez com que produtores descumprissem contratos firmados com a Montesanto Tavares. Sem os grãos prometidos, a companhia precisou recorrer ao mercado spot para cumprir acordos de exportação. O valor do café disparou, elevando os custos e forçando o grupo a captar crédito emergencial em dólar por meio de Adiantamentos em Contrato de Câmbio (ACCs).

Os ACCs, normalmente utilizados para financiar exportações, foram empregados para cobrir o rombo provocado pelo não recebimento do café. Esse desajuste financeiro aumentou a exposição da empresa e criou um efeito dominó, levando ao endividamento progressivo.

Entre maio de 2021 e julho de 2024, a captação média semanal via ACCs saltou de US$ 1,4 milhão para US$ 5,7 milhões, enquanto os pagamentos cresceram de US$ 1,2 milhão para US$ 4,7 milhões. A disparada dos preços do café em 2024 agravou ainda mais a crise, exigindo altos desembolsos para cobrir margens de contratos futuros.

Bancos e credores foram chamados de “hostis” pela empresa

A Montesanto Tavares tentou renegociar os débitos, mas a postura dos bancos dificultou o processo. Segundo a empresa, algumas instituições financeiras se recusaram a prorrogar prazos, declararam o vencimento antecipado de obrigações e exigiram pagamentos imediatos.

O Banco do Brasil lidera a lista de credores, com R$ 741,9 milhões a receber. O Banco Pine e o Santander também figuram entre os maiores credores, com R$ 166 milhões e R$ 159 milhões, respectivamente. No total, o passivo do grupo pode ultrapassar os R$ 4 bilhões, considerando a duplicidade de garantias entre empresas do conglomerado.

Sem um acordo favorável, a companhia obteve um período de carência de 60 dias, posteriormente estendido por mais 30 dias. No entanto, sem avanços nas negociações, optou por pedir recuperação judicial.

Empresa tenta reestruturação para manter operações

Apesar da crise, a Montesanto Tavares afirma que não há dívidas significativas com funcionários, fornecedores ou impostos. A empresa destaca que o problema está concentrado no endividamento bancário e nas perdas financeiras geradas pela volatilidade do mercado.

Agora, a companhia busca reestruturar suas finanças e garantir a continuidade das operações. O processo está sob análise da 2ª Vara Empresarial de Belo Horizonte, onde um perito avaliará se a empresa segue em atividade.

Fontes:
bloomberglinea.com.br
agfeed.com.br

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