A Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) deu um passo significativo no monitoramento da qualidade da água nos rios Guapiaçu e Macacu, que abastecem a região de Niterói, São Gonçalo e outras áreas. Com um investimento anual de R$ 50 milhões, a empresa implementou um sistema de monitoramento inovador que utiliza câmeras espectrais e tecnologia de ponta semelhante à usada pela NASA.
O novo sistema tem como objetivo monitorar 20 parâmetros físico-químicos da água, detectando qualquer alteração em tempo real. Este avanço surge quase um ano após a contaminação por tolueno, que afetou a bacia hidrográfica e deixou cerca de 2 milhões de pessoas sem acesso à água potável.
Além das câmeras espectrais, que capturam dados através de feixes de luz, a Cedae intensificou o monitoramento aéreo na região com o uso de helicópteros e drones. Ao todo, sete pontos de monitoramento foram instalados ao longo dos rios, abrangendo uma área de 70 km². A tecnologia permitirá identificar rapidamente alterações na qualidade da água, prevenindo futuros incidentes.
A Cedae também está investindo na construção de um laboratório de última geração na Estação de Tratamento de Água (ETA) Laranjal, com inauguração prevista para julho. O espaço contará com câmeras especializadas para detectar manchas de óleo e detritos na água, além de sondas flutuantes para medições constantes de parâmetros como turbidez e pH.
O diretor-presidente da Cedae, Aguinaldo Ballon, destacou que o sistema facilitará reações rápidas em caso de incidentes e ajudará a construir uma base de dados confiável para futuras análises ambientais. “Estamos tomando medidas para garantir que a população não sofra mais com crises como a de tolueno”, afirmou.
A Cedae pretende expandir esse sistema para o Sistema Guandu, que abastece a Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Robson Campos, gerente de qualidade da Cedae, confirmou que o plano de contingência implementado em janeiro deste ano continua em vigor, com monitoramento diário.
Apesar dos avanços tecnológicos, a população local ainda sente os efeitos da contaminação. Zeca Pereira, pescador da região, relatou mudanças visíveis na qualidade da água, mencionando que “a água não tem mais a mesma cor”. Além disso, produtores rurais, como Ana Lúcia dos Santos, continuam temendo os impactos da contaminação nas plantações, já tendo perdido parte da colheita devido à água contaminada utilizada para irrigação.
A investigação sobre a origem do vazamento de tolueno continua em andamento. Em 2023, a Polícia Civil iniciou um inquérito para apurar o caso, que envolveu vistorias em 17 empresas da região. Até agora, não houve prisões. Entretanto, a Cedae se comprometeu a expandir sua rede de monitoramento e aumentar a segurança do abastecimento de água.
Fontes: diariodorio.com/portaltela.com