Foto: Polícia Militar do Rio de Janeiro
Policiais do Comando de Operações Especiais (COE) do Rio de Janeiro realizaram, nesta terça-feira (11), uma grande operação no Complexo de Israel, na zona norte da cidade. A ação resultou na retirada de uma Estrela de Davi iluminada, instalada no ponto mais alto da comunidade, e na demolição de uma mansão pertencente ao traficante Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, líder do Terceiro Comando Puro (TCP).
Símbolos de domínio e intolerância religiosa
A estrela, que ficava sobre uma caixa d’água, era um dos principais símbolos da facção criminosa que controla o tráfico na região. Peixão, evangélico autointitulado, nomeou o conjunto de favelas como Complexo de Israel e espalhou símbolos judaicos por toda a comunidade. Além disso, o traficante proibiu manifestações religiosas de matriz africana no local, expulsando seguidores dessas crenças.
De acordo com a polícia, Peixão também chama sua quadrilha de Tropa de Arão, em referência ao irmão de Moisés. As comunidades sob sua influência – Cidade Alta, Parada de Lucas, Vigário Geral, Pica-Pau e Cinco Bocas – passaram a exibir murais com passagens bíblicas, enquanto terreiros e imagens de santos foram proibidos.
Desmonte do “resort” do crime
Durante a operação, agentes demoliram uma mansão de luxo usada pelo traficante. Construída em uma área de preservação ambiental, a residência incluía um grande lago artificial, onde a polícia retirou centenas de carpas avaliadas em R$ 600 mil. Após a remoção dos peixes, uma retroescavadeira escoou a água do lago para o rio Acari.
Além disso, equipamentos de academia foram apreendidos e, após decisão judicial, poderão ser utilizados para treinamento policial.
Expansão criminosa e investigação por terrorismo
Relatórios de inteligência da Polícia Civil apontam que, desde a pandemia, o domínio territorial do Complexo de Israel cresceu, alcançando 36 ruas antes residenciais, que agora possuem barreiras físicas e presença constante do tráfico.
Peixão também se tornou o primeiro líder do tráfico no Rio a ser investigado por terrorismo. Segundo o delegado Felipe Curi, secretário da Polícia Civil, a facção impõe uma “ditadura religiosa” e expulsa moradores que não seguem a crença imposta pelos criminosos.
“O crime de terrorismo tem relação também com questões políticas ou religiosas. No caso do Peixão, sabemos que ele impõe sua fé e não permite certas religiões, como candomblé e espiritismo”, declarou o delegado.
Balanço da operação e novas diligências
Durante a ação, a polícia prendeu quatro pessoas, incluindo duas com mandados de prisão por tráfico de drogas. O objetivo da operação é coletar provas que fortaleçam as investigações sobre a associação criminosa e apreender armas, equipamentos eletrônicos e documentos que possam esclarecer outros crimes cometidos na região.
A polícia segue em diligências para localizar e prender Peixão e seus comparsas.
Fonte: cnnbrasil.com.br/folha.uol.com.br