Foto: Redes sociais
Um mercado paralelo de vendas de licenças para ambulantes no Carnaval do Rio foi descoberto pelo RJ2. Pessoas sorteadas para trabalhar na folia estão comercializando as permissões na internet, cobrando entre R$200 e R$500 por kits completos, que incluem isopor, credencial e colete.
A Prefeitura do Rio distribuiu 15 mil licenças para ambulantes por meio de sorteio, mas quase 56 mil pessoas se inscreveram. Sem a permissão, muitos trabalhadores regulares ficaram de fora. Enquanto isso, alguns sorteados enxergaram uma oportunidade de lucro e passaram a vender os kits clandestinamente, prática considerada ilegal.
Anúncios na internet e negociações diretas
Uma pesquisa rápida na internet revela dezenas de anúncios de kits de ambulantes à venda. Os vendedores garantem credenciais, fornecem instruções detalhadas e aceitam ofertas. Um dos comerciantes revelou por telefone: “Anunciei por R$500, mas aceito R$450”. Outro explicou que só entrega o kit pessoalmente, evitando envios que possam levantar suspeitas.
Alguns vendedores ainda sugerem formas de burlar fiscalizações. Uma mulher, que oferecia o kit, afirmou que, no ano passado, vendeu para outra pessoa, que falsificou uma nova credencial em uma lan house. Outro vendedor garantiu que a fiscalização só verifica se o ambulante está usando colete, ignorando o crachá.

Trabalhadores ambulantes prejudicados
Jaciara de Souza, que trabalha como ambulante o ano inteiro, não conseguiu ser sorteada e critica a venda ilegal das credenciais: “São pessoas que nunca trabalharam como ambulantes. A gente precisa de transparência nesse sorteio. Quem está recebendo os kits e os vendendo?”.
Para muitas trabalhadoras, o Carnaval representa a principal fonte de renda. Carol Alves, do Coletivo de Mulheres Trabalhadoras Ambulantes ‘Elas por Elas’, reforça: “Pagamos aluguel e sustentamos nossos filhos com esse dinheiro. Queremos trabalhar legalmente, mas esse comércio ilegal nos prejudica”.
Prefeitura promete investigar o caso
O secretário de Ordem Pública, Brenno Carnevale, afirmou que o caso será encaminhado para a polícia. “Essas licenças não podem ser vendidas. É um ato ilegal, tanto administrativamente quanto criminalmente. Monitoramos redes sociais e fiscalizamos ambulantes para identificar irregularidades. Vamos encaminhar os responsáveis às autoridades competentes”.
A fiscalização será intensificada durante os blocos de rua, e quem for flagrado com documentação irregular poderá ser impedido de trabalhar.
Fonte: g1.globo.com/diariopublicidade.com.br