Imagem dólar e Real (Foto: Shutterstock)
O dólar registrou sua maior queda percentual desde o início do governo Lula, fechando a quarta-feira cotado a R$ 5,7558. Esse recuo de 2,72% foi impulsionado pela desaceleração da economia dos Estados Unidos e pela reavaliação do mercado sobre as novas tarifas comerciais anunciadas pelo governo Trump.
Queda histórica do dólar
A moeda norte-americana teve um recuo expressivo, registrando a maior desvalorização diária dos últimos 29 meses. O fechamento a R$ 5,7558 representa uma desvalorização de 6,85% no acumulado do ano. Analistas atribuem essa tendência às expectativas de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed), após dados do Relatório Nacional de Emprego da ADP indicarem uma desaceleração no mercado de trabalho dos EUA.
A economia norte-americana criou apenas 77 mil vagas no setor privado em fevereiro, um número muito inferior à projeção de 140 mil postos. Esse dado reforça a tese de que o Fed pode adotar uma política monetária mais flexível nos próximos meses, enfraquecendo o dólar globalmente.
Impacto das tarifas comerciais
Outro fator que influenciou a desvalorização do dólar foi a política tarifária dos EUA. Na terça-feira, entraram em vigor novas tarifas de 25% sobre produtos importados do México e do Canadá, além de taxas sobre mercadorias chinesas. No entanto, o governo Trump anunciou uma isenção temporária de tarifas para automóveis importados via Acordo Estados Unidos-México-Canadá (USMCA), o que trouxe um alívio ao mercado e contribuiu para a queda da moeda norte-americana.
Repercussão no mercado brasileiro
Com a desvalorização do dólar, a Bolsa de Valores brasileira registrou um movimento positivo. O Ibovespa subiu 2,7%, atingindo 128.218,59 pontos, impulsionado pelo otimismo dos investidores. Esse foi o maior crescimento desde 15 de janeiro, quando o índice teve alta de 2,81%.
Marcelo Bolzan, planejador financeiro da The Hill Capital, destaca que a valorização da Bolsa e a queda do dólar estão ligadas ao cenário externo. “A ameça de tarifas de reciprocidade nos EUA inicialmente causou apreensão, mas o mercado percebeu que se trata de uma estratégia de negociação. Esse alívio levou a uma queda generalizada do dólar em relação a moedas emergentes.”
Risco fiscal e impacto político
Apesar da melhora nos índices financeiros, o mercado segue atento ao risco fiscal no Brasil. Medidas como a isenção do imposto de renda até R$ 5 mil e a ampliação do consignado privado são vistas com cautela pelos investidores, pois podem pressionar a inflação.
Além disso, a recente queda na aprovação do presidente Lula, conforme apontado pelo Datafolha, também teve reflexos no mercado. A taxa de aprovação caiu de 35% para 24%, o que elevou o otimismo entre alguns investidores, que interpretam essa mudança como um fator que pode aumentar a pressão por reformas econômicas mais favoráveis ao mercado.
Fontes:
oglobo.globo.com
infomoney.com.br
economia.uol.com.br